Política Internacional

Tarifaço de 50 % de Trump sobre o Brasil


O anúncio de um tarifaço de 50 % sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto de 2025 pegou o mercado de surpresa. Essa medida abrupta afeta diretamente exportações-chave, causando impacto imediato no real, no Ibovespa e em setores como agronegócio, siderurgia e aviação.


Contexto e antecedentes

Donald Trump alegou que a tarifa é uma reação a supostas políticas brasileiras que desfavorecem investidores estadunidenses e decisões do STF contra aliados de Bolsonaro
Esse movimento segue uma escalada protecionista iniciada em abril e reforçada em fevereiro‑março com tarifas de até 10‑25 % sobre aço, alumínio e outros produtos

O que muda com o anúncio

  • Valor e vigência: tarifa de 50 % sobre todos os produtos brasileiros exportados aos EUA, valendo a partir de 1º de agosto
  • Motivação política: Trump relacionou a medida ao julgamento de Bolsonaro, chamando-o de “witch hunt”

Mercado financeiro reagiu imediatamente

  • real despencou até 2,9 % ante o dólar, fechando o dia acima de R$5,50
  • Ibovespa recuou entre 0,5 % e 0,6 %
  • Ações da Embraer caíram até 8 %, refletindo a queda do apetite no setor aeronáutico
  • O ETF EWZ caiu e sinalizou venda ao romper sua média móvel de 50 dias

Setores mais afetados

  • Aeronáutico: Embraer fatura até 60 % na América do Norte; estimativa de perda de US$150–350 mi no EBIT até dezembro .
  • Agronegócio: tarifas elevam custo do café, cujas cotações subiram – o futuro do arábica alcançou US$288,67/lb
  • Siderurgia/mineração: aço, ferro e cobre também estão na mira – metais básicos registram alta, beneficiando empresas além do Brasil .

Reação brasileira e retaliação

  • Lula criticou o “protecionismo político” e reiterou que o País responderá com reciprocidade tarifária, conforme nova lei .
  • Governo brasileiro avalia levar o caso à OMC, enquanto planeja retaliar em nível tributário e regulatório .
  • A narrativa nacionalista fortaleceu a imagem de Lula, que busca reaproximação política interna

Riscos para investidores

  • Volatilidade aumentada: oscilação do real e elevados juros locais (yield de 10 anos subiu ~0,45 ppt) aumentam o custo de capital .
  • Inflação e redução de crédito: aumento de custos às empresas e consumidores favorece aperto tarifário e monetário .
  • Fluxo de capitais externo: investidores estrangeiros podem reduzir exposição a ativos brasileiros, com impacto em ADRs e ações

Cenários futuros

  1. Negociação diplomática: pressão global, incluindo da China e UE, pode frear a tarifa antes de 1º de agosto.
  2. Efeito pleno da tarifa: cenário mais provável se o conflito político se mantiver. A UBS estima impacto modesto (~0,3 p.p. do PIB), mitigado pela baixa participação das exportações no PIB (28 %)
  3. Ciclo escalonamento: retaliações no cobre, carne e outras commodities podem prejudicar a imagem da OMC e gerar repercussões globais .

Recomendações estratégicas

  • Diversificar mercados: exportadores devem acelerar acordos com UE, China e México, reduzindo dependência dos EUA.
  • Proteção cambial: empresas devem reforçar hedge cambial e revisar linhas de crédito com juros fixos.
  • Monitorar barreiras: atenção ao uso da nova lei de reciprocidade, com análise caso a caso de produtos importados dos EUA.
  • Governança corporativa ativa: institutos de comércio e entidades podem atuar em defesa junto à OMC e Cortes internacionais.

Resiliência em 2025

Embora polêmico, o impacto geral ainda é moderado. A combinação de exportações bem diversificadas, baixíssima dependência do mercado americano (16 % das exportações, ou ~2 % do PIB) e respostas do governo fortalecem a argumentação para uma eventual “zona de controle” dessa crise

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