Datena alega insegurança e evita corpo a corpo com eleitor
Estreante em uma campanha eleitoral, José Luiz Datena (PSDB) tem evitado caminhadas pelas ruas e aparições em locais públicos em São Paulo. Sua primeira experiência, uma ida ao Mercado Municipal no dia 17 de julho, deixou o comunicador preocupado diante da aglomeração do público.
Articuladores da campanha e tucanos experientes na corrida eleitoral tentam reduzir a resistência de Datena. Na avaliação desse grupo, o jornalista é conhecido há décadas por suas aparições na televisão, mas ainda precisa apresentar a candidatura.
Quem esteve no Mercado Municipal, por exemplo, notou que parte do público via a aparição do apresentador como se fosse uma gravação para televisão. A visita transcorreu sem tumulto ou hostilidades.
À reportagem Datena afirmou que vai “tentar fazer” mais duas ou três agendas em ambientes públicos e “ver a reação”. A preocupação, segundo ele, é com a integridade física do público.
“Ataque pessoal não tem problema. Fui repórter de campo, na Vila Belmiro, por exemplo, jogavam copo com mijo, e a torcida me xingava”, diz.
“Eu tenho muita preocupação com a segurança das pessoas. Já vivi tempo demais, enfrentei câncer, não tenho baço, coloquei stent. Não tenho medo. Eu prefiro perder a prefeitura do que ter uma pessoa machucada”, completou.
Apesar de a campanha eleitoral ter inicio formalmente em 16 de agosto, um dia depois do prazo final para registro das candidaturas, o PSDB já planejava outras agendas públicas logo após a do Mercado Municipal.
A ideia foi anunciada naquele mesmo dia pelo presidente do diretório municipal do partido e vice na chapa de Datena, José Aníbal. A segunda visita, inclusive, já estava pautada para o dia seguinte, no Mercado Municipal da Lapa (zona oeste), uma região tomada pelo comércio popular. Mas não ocorreu.
O plano era fazer agendas na região de cada um dos 58 diretórios zonais do partido na capital, de acordo com Aníbal. “Agora foi um ensaio, o primeiro. Na semana que vem, a gente quer fazer cinco dias ou seis, todo dia ter uma agenda”, disse o dirigente partidário na ocasião.
Quase um mês depois, nenhuma visita se concretizou.
A reportagem apurou que, logo após a primeira experiência em um equipamento público, Datena reclamou com a Executiva do partido sobre a falta de cuidados com a sua exposição. O comunicador tem um histórico de críticas e denúncias ao crime organizado, sobretudo o PCC (Primeiro Comando da Capital).
Ele também se queixou da agenda no centro da cidade em entrevista à revista piauí. “Se quisessem me matar ali, me matavam. Tinha só quatro caras na segurança”, disse.
Em nota à reportagem, a assessoria do candidato afirmou, na sexta-feira (9), que a campanha de Datena “tem uma particularidade importante em função da popularidade do candidato” e que as agendas dele “nas diferentes regiões da cidade serão divulgadas no decorrer do processo eleitoral”.